Não tenho autoestima, e agora?

No meu cotidiano, na prática clínica de psicoterapia é comum receber clientes que buscam pelo atendimento com queixas ligadas a baixa autoestima, ou até mesmo clientes que sinalizam não terem autoestima, como se o conceito estivesse relacionado somente à capacidade que o indivíduo tem de se amar e de se sentir bem consigo mesmo, ou de modo geral, ter um sentimento de estima por si.

Enquanto psicoterapeuta, tento ajudá-los a discriminar que autoestima envolve muito mais do que tais pontos mencionados anteriormente, que são trazidos nas queixas. É claro que para isso utilizo um embasamento com referencial teórico para ilustrar tal definição.

Segundo o referencial da Análise do Comportamento, o paradigma da autoestima pode ser compreendido como uma classe de comportamentos e sentimentos sobre nós mesmos e que ao contrário do que muitas pessoas pensam, não nascemos com ela pronta.

E a boa notícia é que a autoestima é construída ao longo da vida de cada um de nós e pode ser modificada, fortalecida ou até mesmo desenvolvida.

Esse conjunto de sentimentos e comportamentos que caracterizam o repertório de
autoestima começa a ser construído desde a nossa infância e é mediado pelos nossos
familiares, em especial pelo nossos pais ou responsáveis, que vão nos ajudando a identificar e nomear os nossos sentimentos.

Por meio dos nossos familiares, temos acesso a modelos de como nos comportar em determinadas situações, podemos também ter um pouco de clareza sobre o que somos e como nos comportamos, bem como eles se sentem diante de algumas das coisas que fazemos.

Assim, vamos construindo uma ideia sobre nós mesmos, a qual não é estática e vai sendo alterada ao longo dos anos. Dito isso, podemos concluir que a autoestima é muito mais complexa do que pensamos né?

A pessoa com boa autoestima aprende a exercitar o autorreconhecimento, é capaz de discriminar e de emitir comportamentos que produzem consequências satisfatórias para ela, está associada então à possibilidade da pessoa de se sentir livre, amada, de tomar iniciativas e de apresentar criatividade.

Assim, quanto mais autoconhecimento tivermos, maior será a nossa condição de entender por que nos comportamos de determinada maneira e analisarmos quais mudanças são ou não necessárias para que possamos melhor nos relacionarmos com a pessoas e com nós mesmos, o que nos promoverá uma vida mais amena, agradável e satisfatória.